MORTE E SAUDADE - Uma visão do Espiritismo e da Umbanda
- Casa de Caridade Gauisa
- 2 de nov. de 2021
- 4 min de leitura
Atualizado: 28 de fev. de 2023
Falar sobre morte envolve, geralmente, um certo tipo de receio das pessoas. Para muitos, a morte é um mistério indesvendável e doloroso. Pode ser o fim de tudo, mas também pode ser um novo começo.
Para destacar a visão espírita da morte, trazemos uma oração atribuída a Santo Agostinho sobre o tema:
“A morte não é nada.
Eu somente passei
para o outro lado do Caminho.
Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês,
eu continuarei sendo.
Me dêem o nome
que vocês sempre me deram,
falem comigo
como vocês sempre fizeram.
Vocês continuam vivendo
no mundo das criaturas,
eu estou vivendo
no mundo do Criador.
Não utilizem um tom solene
ou triste, continuem a rir
daquilo que nos fazia rir juntos.
Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.
Que meu nome seja pronunciado
como sempre foi,
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra
ou tristeza.
A vida significa tudo
o que ela sempre significou,
o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora
de seus pensamentos,
agora que estou apenas fora
de suas vistas?
Eu não estou longe,
apenas estou
do outro lado do Caminho…
Você que aí ficou, siga em frente,
a vida continua, linda e bela
como sempre foi.”
Santo Agostinho
De fato, a morte não é nada. Essa afirmação clara, forte e sem rodeios nos mostra que o processo de desligamento da alma junto ao corpo físico faz sucumbir apenas o nosso envoltório carnal. Não é por outro motivo que os espíritas preferem se referir à morte como um desencarne.
Após o perecimento do corpo físico, nosso corpo espiritual continuará mais vivo do que nunca, retornando ao plano espiritual. Afinal, somos seres espirituais vivendo uma experiência temporária na carne, e não o contrário.
Este plano espiritual pode ser compreendido de várias maneiras, dependendo da corrente espiritualista que o analisa.
Hoje em dia, há algum consenso entre muitos espiritualistas na divisão das dimensões da vida em 7 (sete) planos distintos, a saber:
1 – Plano Divino;
2 – Plano Monádico;
3 – Plano Espiritual;
4 – Plano Intuitivo;
5 – Plano Mental;
6 – Plano Astral e;
7 – Plano Físico.
As características de cada plano é assunto para outro artigo.
Quando Santo Agostinho sustenta que “eu somente passei para o outro lado do Caminho”, quer apenas nos mostrar que os vários planos de existência da vida se encontram em uma realidade extrafísica do plano material, em dimensões paralelas.
A morte é, por assim dizer, um momento de passagem para tais dimensões e de transformação do nosso corpo, que se despe da camada mais densa e permanece com outras camadas mais sutis.
A proximidade destas dimensões faz com que o espírito desencarnado sinta as energias emanadas por aqueles que conviveram com ele(a) durante sua última existência terrena. Logo, a forma como dirigimos nossos pensamentos, intenções, sentimentos, preces e orações é imediatamente sentida no outro plano.
A sintonia entre os planos é tão grande que há uma frase atribuída a Chico Xavier que define a saudade como “uma dor que fere nos dois mundos”.
É por essa razão que, por mais difícil que seja perder alguém que amamos (e realmente não é fácil), precisamos emanar sempre as melhores vibrações, pedindo que ela seja muito bem recebida no plano espiritual por seus familiares e/ou amigos de luz e que ela possa prosseguir no seu caminhar de evolução e aprendizado.
Neste particular, recomendamos a leitura do texto que fala sobre o propósito das reencarnações na Terra, intitulado “Por que estamos aqui?” (link no final do texto).
Após o falecimento do corpo físico, nosso corpo espiritual preserva tudo o que foi acumulado de aprendizado e conhecimento nessa última existência terrena. Há, portanto, vida depois da vida!
A continuidade da vida após a morte do corpo físico é ratificada por Santo Agostinho quando diz que “eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo”.
Essa separação temporária entre desencarnados e encarnados é dolorosa, como já mencionamos, principalmente quando envolve relações de afinidade. O pedido de Santo Agostinho para que “não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos” é justamente para garantir que o espírito do desencarnado receba tudo de melhor que podemos enviar.
Para garantir que as melhores energias cheguem ao plano espiritual, Santo Agostinho nos pede para rezar, sorrir, e que o nome de quem foi para o outro lado do caminho seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo, sem nenhum traço de sombra ou tristeza.
Nos mitos africanos, a morte (Iku) foi criada por Obatalá. Porém, não é Iku quem decide quem vai morrer. Esse papel cabe a Olorún. Iku é somente quem leva do Aiyê para Orún.
Na Umbanda, a morte está consagrada aos Orixás Omulu, Nanã e Iansã, principalmente.
Omulu e Obaluaiê são duas energias de um mesmo Orixá, sendo um na versão mais nova e outro na versão mais velha. Omulu é o Orixá que faz a transmutação dos corpos entregues à terra. É o guardião da calunga pequena (cemitérios), das almas (pretos velhos) e dos caveiras. Já Obaluaiê é responsável pelo portal entre o mundo dos vivos e dos mortos (ou entre os planos), juntamente com Nanã.
Nanã, como dito acima, também é a Orixá responsável pela travessia dos mundos. Ela é lama. Ela é água e terra, vida e morte. Ela é o encantamento da morte, que possibilita o renascimento, a vida.
Iansã, por sua vez, é a Orixá dos ventos, é quem vai conduzir os espíritos desencarnados. Diz-se nos itans que o primeiro Axexê (ritual que permite o desfazimento da feitura de santo) foi feito por Iansã, quando perdeu Odulecê, um caçador que a criou como filha. Olorún assistiu emocionado os rituais feitos por Oyá, que a nomeou como guia dos mortos no caminho de Orún.
Sabendo que a vida não termina, não há motivos para que não sigamos em frente pois “a vida continua, linda e bela como sempre foi”.
Saravá Umbanda!!!
Texto do Médium Erik Stofanelli
Link texto Por que estamos aqui?
https://www.casadecaridadegauisa.com.br/post/por-que-estamos-aqui
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