A Incorporação na Umbanda
- Casa de Caridade Gauisa

- 12 de ago. de 2021
- 4 min de leitura
Muitas pessoas quando entram num terreiro, ficam encantadas, acham aquilo tudo muito mágico, acham tudo lindo, e com o tempo começam a querer fazer parte daquilo tudo, não se contentam mais em ser apenas consulentes, sentem-se completamente envolvidas, o começam a sentir reações físicas no corpo, o som dos atabaques iniciam um transe, como um chamamento.
O Médium entra para o corpo mediúnico e começa a observar toda a rotina da casa, seus deveres e direitos, vai observar que existe uma disciplina na parte do desenvolvimento mediúnico. Que o desenvolvimento mediúnico é um processo individual e progressivo.
Ele não pode se frustrar ao perceber que alguns médiuns estão tendo mais facilidade de incorporar que ele, não pode fazer comparações ou imitações. O médium precisa ser sempre verdadeiro, sincero e observar seu processo.
Normalmente a primeira incorporação de um médium na Umbanda é algo cercado de dúvidas, mistérios e revelações.
Alvo de conversas e trocas de experiências, o tema está longe de ter uma cartilha sobre como e quando deve ocorrer. Isso faz com que a curiosidade aumente, principalmente para os novatos.
Aqui vamos falar um pouquinho sobre o Desenvolvimento Mediúnico e o que o médium deve esperar desse processo. Um questionamento para quem está vivenciando isso.
Primeiro é preciso entender que na verdade “essa incorporação” é um acoplamento. Para ilustrar melhor é um “abraço” que o espírito/entidade dá no corpo fluídico do médium.
Quando se ouve o termo “incorporação” costuma-se pensar que o ser espiritual entra dentro do corpo do médium, mas alguns terreiros de Umbanda entendem que isto não acontece ao pé da letra. Brito (2017), em sua pesquisa sobre a teoria do “Intercâmbio mediúnico-energético”, descreve que na Umbanda do terreiro de Pai Joaquim “ O ser intangível – espírito; guia; mentor – não entra (in) dentro do corpo (corpora) de seu protegido. Os médiuns têm a faculdade de sentir vibrações sutis que emanam dos seres espirituais e, captando tais vibrações, eles podem (re)transmiti-las.” (BRITO, 2017). Neste caso, ele se refere às mensagens ou gestos físicos que entidade queira passar.
Para incorporar é preciso passar primeiro por um processo de aprendizagem, onde os médiuns aprendem a sentir a energia dos guias e se conectar a eles durante as chamadas “giras de desenvolvimento”, que são restritas às pessoas que trabalham no terreiro. O desenvolvimento dessa habilidade mediúnica éum processo gradual em que o médium se aperfeiçoa a cada gira, para que com o tempo tenham cada vez mais clareza no que a entidade quer fazer ou dizer. Também é preciso que estejam sempre com sua higiene pessoal e espiritual em dia, para que esta comunicação ocorra com mais facilidade.
O médium iniciante precisa confiar no seu dirigente, nos guias chefes do terreiro, os quais estarão ali para assessorar no que for possível, precisa haver sempre uma conversa franca, consciente, onde o médium tem que ter o espaço para falar de suas sensações e medos para que as mesmas sejam explicadas e orientadas.
O médium quando inicia o processo de acoplamento espiritual, tem que se entregar, tem que confiar no guia que quer se manifestar, o médium deve entender que ele é um instrumento para a comunicação.
Cada médium tem seu tempo para realizar seu acoplamento espiritual, há médiuns que levaram dias, outros meses, e outros anos. O que adianta ter pressa? As vezes o médium sente uma pequena vibração e o médium já acha que está incorporado, porém o guia ainda está longe, todo mundo olha e vê ali o médium e não o guia, não tem a autenticidade e a veracidade do guia. Tem médiuns que incorporam rápido? Claro que sim, mas você sente o guia ali, em segundos o médium se transforma e a presença do guia é sentida por todos e vista pelos dirigentes.
Não importa a forma e sim o conteúdo dessa manifestação, cada médium tem uma forma especifica de realizar o acoplamento, o importante é que ali esteja o guia e não o médium. Observem que isso não tem relação com o tipo de mediunidade, ou seja, com mediunidade consciente, semi-inconsciente, ou inconsciente. Existem médiuns conscientes excelentes, e por outro lado, médiuns, que se diziam inconscientes, e que estão mistificando. O importante é um acoplamento seguro, sincero e autêntico. O que afasta o guia espiritual não é o processo mediúnico lento ou rápido. O GUIA NUNCA ABANDONA SUA MISSÃO. Um guia tem uma missão especifica com cada pupilo, ele independente da dificuldade do médium está ali para ajudar e acompanhar o processo de desenvolvimento. A única coisa que provoca um afastamento de um guia, e a falta de compostura, índole, seriedade, caridade e bondade de seu médium, um guia idôneo não se compraz no mal e nem na maldade, questão de sintonia, mas caso esse médium se volte a luz novamente eles estarão ali para o receber, mas mesmo assim sempre mandaram sinais para que ele retome ao bom caminho. Mas jamais irá se afastar de seu médium num processo de aprendizagem e despertar da consciência espiritual.
Devemos ter pressa na vontade de aprender, de colaborar com a casa, de ouvir. Pressa de incorporar é bobagem não importa se a sua primeira manifestação virá logo, o importante é que ela seja VERDADEIRA.
Fonte : Vários textos da internet - Texto Adaptado pela Casa de Caridade Gauisa
BRITO, Lucas Gonçalves. A vibração dos corpos: teoria umbandista sobre o intercâmbio mediúnico-energético - Religião & Sociedade
.png)
Muito útil para meu processo de evolução. É normal a gente começar se cobrando muito, com medo de errar. Este texto acalmou mais o meu coração.