Arriba, Povo Cigano!
- Médium Alessandra Vanzillotta

- 25 de nov. de 2021
- 3 min de leitura
É com muita força e alegria que eles se manifestam no terreiro. Dançam com entusiasmo e, no embalo dos seus passos, celebram a vida, dissipando toda e qualquer tristeza do coração e do ambiente. São os ciganos, poeticamente chamados de "filhos do vento". Por serem livres, desprendidos, seguem caminhando de acordo com o sol, a lua e o vento, razão pela qual sejam chamados assim.
De origem nômade, vindo das mais variadas regiões do mundo, a linha dos ciganos na umbanda traz em sua mensagem de trabalho o amor e o respeito universal a todos os seres vivos, a paixão pela liberdade, o desapego pelos bens materiais e a alegria de viver. “Nossa religião é o amor”, pois a felicidade deles é viver sem amarras e rótulos, mas sem nunca deixar de lado os princípios e as raízes essenciais que transcendem a Terra. Segundo eles, a semente do amor à vida está dentro de nós, não importa para onde se vá.
Durante o aconselhamento espiritual com os consulentes, enfatizam o bom uso do nosso livre arbítrio e a coragem para irmos em busca de nossos sonhos. A liberdade que eles tanto prezam nos incentiva a sermos livres para buscar o que nos trará a verdadeira felicidade, mesmo que para isso tenhamos que superar muitos obstáculos. Como lema, a vida merece ser vivida com gratidão e alegria e, mesmo diante das tristezas, o nosso sofrimento pode ser opcional.
O povo cigano é místico e supersticioso por natureza, trabalha com a manipulação de cristais, incensos, velas e essências aromáticas, atuando fortemente nos trabalhos de limpeza e cura para livrar-nos de toda carga maléfica que possa prejudicar nosso equilíbrio e bem-estar. Quando necessário, lançam mão de simpatias e do baralho cigano para revelações e esclarecimentos a quem procura por auxílio.
Como principais símbolos da tradição cigana, temos: a taça (expressão de poder e união), a ferradura (representa os caminhos), a lua (representa os enigmas, o sagrado feminino e as mudanças), a moeda (símbolo da prosperidade e da justiça), o trevo (representa a sorte e a fortuna), as essências (que trazem equilíbrio e harmonia), as pedras (que purificam e curam), o ouro ( símbolo da beleza e do poder), os círculos (remetem à vida e à morte), a coruja (representa a sabedoria e a consciência), a estrela de cinco pontas (simboliza a proteção e a evolução) o punhal (representa a força e a superação).
Com grande espiritualidade e fé, reverenciam e respeitam a natureza como nossa morada divina e sagrada, onde cada pedacinho de chão é importante para o todo. "A terra é minha pátria, o céu é o meu teto e a liberdade é a minha religião", como diz o provérbio cigano.
Movidos pelo amor universal e livres para professarem como quiserem a sua fé, estão protegidos e amparados por Santa Sara Kali, a santa preta. Curiosamente, o sobrenome Kali, em hebraico, diz respeito à cor negra de sua pele. Sara foi uma serva que, ao lado das três Marias, presenciou momentos importantes e, também, angustiantes da história de Jesus - seu nascimento e sua crucificação.
Reza a lenda mais difundida que Maria Madalena, Maria Jacobina, Maria Salomé e José de Arimatéia, junto com Sara, sua serva, foram atirados ao mar numa barca sem remos. Desesperadas, as três Marias puseram-se a orar e a chorar. Neste momento, Sara retirou o lenço de sua cabeça e clamou por Jesus, prometendo que se todos se salvassem ela seria uma serva de Jesus e jamais andaria com a cabeça descoberta em sinal de respeito e devoção. Milagrosamente, a barca sem rumo atravessou o oceano e conseguiu aportar com todos salvos em uma ilha ao sul da França. Ao desembarcar, Sara foi acolhida por um grupo de ciganos que ali estavam e à partir de então, passou a ser considerada como a rainha e protetora do povo cigano. Posteriormente, essa ilha foi batizada de Saintes-Maries-de-la-Mer, onde foi construída a Cripta de Sara.
Considerada, também, a protetora das grávidas e dos desesperados, Santa Sara é celebrada no dia 24 de maio, recebendo diversas oferendas, principalmente, lenços coloridos, em agradecimento aos muitos milagres concedidos.
Em dia de celebração e homenagem ao povo cigano, não podem faltar música, flores, frutas, velas coloridas e, o principal, ALEGRIA!
Optchá!
Texto: Alessandra Vanzillotta
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