Como ter Progresso Espiritual com a Mediunidade
- Médium Adil Noah
- 2 de dez. de 2021
- 5 min de leitura
O objetivo deste artigo é refletir sobre os processos de desenvolvimento humano de pessoas que atuam como médiuns em especial na religião de Umbanda.
A mediunidade é um fenômeno presente em diversas religiões e cultos espirituais, entre eles na religião de Umbanda. Na contemporaneidade tem havido um movimento no sentido de despatologizar as expressões mediúnicas e situá-las como eventos culturais ligados a determinadas práticas religiosas e espirituais, ou seja, inserindo-as como uma manifestação do sujeito em um dado contexto sociocultural. Peremptoriamente, a mediunidade possuem vários nuances nas mais variadas religiões; não são raras as referências que podem ser atribuídas à mediunidade.
Do ponto de vista religioso, o evento mediúnico, encontra-se em várias passagens dos mais variados "Livros Sagrados" como por exemplo: passagens de Moisés e os profetas hebreus recebendo mensagens de Adonay ou dos Anjos (Talmude) a conversão de Paulo às portas de Damasco (Bíblia) ou os ditados do anjo Gabriel para Maomé, que compõem o (Corão), são exemplos do processo mediúnico registrados em seu tempo e espaço. Importante entender que as religiões que podem ser relacionadas à mediunidade variam de povos, culturas, ambientes na qual estejam inseridos no espaço/tempo. O desenvolvimento da mediunidade, permite, justamente, ultrapassar os limites do contato físico, abrindo as portas para o contato extrafísico. É perfeitamente possível a qualquer pessoa desenvolver sua mediunidade. Àqueles que sentem o despertar dessa necessidade, há muito material de leitura e filmes que podem contribuir com o estudo e a orientação do melhor caminho a ser trilhado, rumo ao desenvolvimento da mediunidade. Fazendo uma pequena abordagem na história - por exemplo - na Antiguidade, a cura das doenças era assunto dos sacerdotes e, portanto, da religião.
Os médicos do clero tratavam os doentes por meio de rituais e cantos mágicos em santuários enormes, com técnicas de posições das mãos, banhos de ervas e até mesmo com picadas de abelhas e tratamentos com Sanguessugas. Nas sociedades primitivas, a enfermidade era considerada como a cólera de Deus, e os religiosos atuavam como intermediários ou “pontes” entre a Divindade e os homens. Operavam como “pontífices”, ou seja, “construtores de pontes” (do latim “pontifex”, palavra para designar sacerdote). No passado, as enfermidades eram vinculadas à culpa, isto é, aos pecados. O arrependimento dos erros estava intimamente ligado à cura do doente; a penitência reconciliava a criatura novamente com Deus. Como os médiuns, na atualidade, são denominados “intermediários” ou “pontes” entre o mundo físico e o espiritual, e a mediunidade é vista, muitas vezes e de forma confusa, como “dádiva sagrada” ou “corretivo divino”, isso pode levar as pessoas a tirar conclusões equivocadas. Todos nós somos herdeiros de inúmeras experiências do pretérito. Encontram-se impressos em nossos painéis do inconsciente profundo, ideias e conceitos incorretos, remanescentes do passado distante, transportados desde tempos imemoriais em nosso arcabouço psicológico.
É preciso renovarmos essas concepções inadequadas sobre a "Espiritualidade", para melhor entendermos os mecanismos da (Vida Providencial). Em muitas circunstâncias, interpretamos novos conhecimentos sem dissociar nossos velhos conceitos.
A capacidade mediúnica é considerada uma percepção inerente à estrutura psíquica das pessoas; por isso é que a encontramos nos mais diferentes níveis de consciência e é simplesmente uma das funções psicofisiológicas do ser humano. Em virtude disso, podemos enquadrá-la como um dos sentidos de que a alma se utiliza a fim de manifestar-se e desenvolver-se, gradativamente, para a plenitude da vida.
É de responsabilidade do (Medianeiro) entender que a faculdade medianímica não gera doenças. Ela não pode ser responsabilizada pelo estado patológico das pessoas; é, antes de tudo, uma excelente ferramenta para ajudá-las a despertar espiritualmente e a compreender a si mesmas, os outros seres e o Universo. Quando exercitada, porém, de modo impróprio pode trazer riscos às pessoas psicologicamente frágeis ou vulneráveis. Por este motivo o médium precisa obrigatoriamente ter condições necessárias para entender a responsabilidade do que venha ser este trabalho nos dois lados da vida.
Ser médium vai muito além de usar roupa branca ou guias (Fio de Conta) - é uma transformação diária e uma missão inatacavelmente redentendora.
Qualidades Necessárias Para O Exercício Mediúnico
Em mediunidade, como em tudo na vida, quem pretende servir com proveito sabe transformar o erro em lição para seguir adiante e por melhor que seja o médium, jamais é tão perfeito que não tenha um lado fraco, pelo qual possa ser atacado. Em todas as circunstâncias, cabe ao médium examinar as intenções daqueles que o cercam, a fim de preservar o trabalho em que se encontra. Seja qual for a situação, porém, lembrar que a ressonância oferecida às influências que recebes, positivas ou negativas, resultará daquilo que trazes por dentro da própria alma.
O caminho do autoconhecimento nos leva a uma compreensão profunda do comportamento pessoal - às suas origens, às suas consequências, a um processo para percebê-lo cada vez mais e a uma forma mais adequada de transforma-lo. O autoconhecimento é gradativo e deve ser exercitado ao longo de toda a nossa existência. Muitas vezes se torna um processo doloroso. Outras vezes, é uma estrada repleta de paz e alegria. Mas, de qualquer forma, ele é indispensável para que se efetive a evolução espiritual. Em geral, conhecer a si mesmo significa reconhecer e aceitar que há em nós os dois lados de todas as coisas. Somos capazes de ter medo e valentia, de sentir raiva e ternura, de ser generosos e egoístas, frágeis e fortes.
Uma das grandes bênçãos do autoconhecimento é seu poder de transformar, no longo prazo, nossa vulnerabilidade em pontos fortes, ou seja, nosso temor transforma-se em coragem, nosso sofrimento num caminho para a integridade. Mas, é preciso aliar ao conhecimento espiritual a clareza de pensamento. Muitos de nós mantemos nossa vida íntima anuviada na ignorância de nós mesmos.
Clareza de pensamento é a principal ferramenta para uma boa avaliação. Ela nos proporciona o material necessário para lidarmos com a realidade. Ao descobrirmos as raízes que sustentam nossos atos e atitudes, ou ao tomarmos contato com certos aspectos psicológicos que não havíamos percebido em nós mesmos, seremos conduzidos à fonte de nossa sanidade espiritual ilibada. O médium enquanto compromissado com sua prórpia evolução e cura precisa entender que não existe uma religião melhor do que a outra partindo do pressuposto que Deus não tem religião.
Deus é energia.
As religiões são, na verdade, instrumentos e formas para entendermos o que realmente somos. Importante é entendermos que somos seres em constante evolução e sem conhecimento de nós mesmos não há "Progresso Espiritual Mediúnico". Concomitantemente, aos médiuns é imprescindível a serenidade interior, a fim de poderem captar os conteúdos das comunicações e as emoções dos guias e mentores espirituais ao tratamento de que necessitam. A mente equilibrada, as emoções sob controle, o silêncio íntimo, facultam o perfeito registro das mensagens de que são portadores, contribuindo eficazmente para os trabalhos durante os atendimentos na Gira e nas aplicações dos passes de forma harmônica. Formando assim uma Egrégora perfeita nos dois lados da vida onde o medianeiro constituirá sempre motivo de bem-estar e de felicidade, por descobrir-se como instrumento do amor a serviço de Pai Oxalá (Jesus) entre os seus irmãos.
Como reverbera nossa orientadora e zeladora - Mãe Márcia - "O amor é o caminho". Então! Façamos desse caminho o nosso galardão perante aos olhos de nossa Ancestralidade numa constante corrente de fé e amor ao próximo!
Saravá Umbanda.
Texto:
Médium : Adil Noah (Formação em Filosofia e Teologia)
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