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O olhar clínico dos Guias

Existe a Psicologia, que é a ciência que estuda a psique e o comportamento humano. Em grego, “psique” significa alma, ou mente. Alguns profissionais, dentre as várias opções que a área oferece, escolhem a psicologia clínica, como é o meu caso. Atendo no consultório pacientes com as mais diversas demandas, queixas, angústias, tristezas, raivas, medos e incertezas.


As abordagens clínicas, podem ser várias: gestalt, cognitivo comportamental, psicanálise. E a psicologia analítica, ou psicologia junguiana, baseada na vasta obra de Carl Gustav Jung, um antigo psiquiatra suíço. Jung foi muito criticado pelos psicanalistas, na sua época, por ter um olhar menos corpo-mente sobre seres humanos. Ele era chamado de "místico", ou "pouco científico", na sua época (e até hoje!). Fato é que Jung foi um médico, um cientista bastante sério. Mas tinha um olhar - usando uma terminologia atual - holístico sobre o humano. Ele dizia que éramos dotados de alma. Seus conceitos de arquétipos, inconsciente coletivo, alma, e até de "Deus como psique" são conceitos que nem sempre podemos apreender apenas com a cabeça, mas com o corpo todo: coração, cabeça, mente, e alma.


Digo tudo isso para poder falar bem brevemente da prática clínica - como psicóloga junguiana - em meu consultório. Não tenho por hábito, até por questões éticas, misturar psicologia com crença religiosa. Cada paciente tem o seu caminho religioso ou espiritual. Já vieram umbandistas, ateus, agnósticos, evangélicos, e a grande maioria: aqueles que sequer falam sobre algum aspecto religioso ou espiritual. Não há essa mistura entre o que eles acreditam e o que eu próprio acredito. A fé é professada muito individualmente.


O meu olhar e a minha escuta, no entanto, estão voltados sempre para o "lado de dentro" ou aquilo que é "invisível". Aquilo que o paciente não vê. Aquilo que não está exatamente na luz. Não seria este também o trabalho dos guias da umbanda? Eles não veem se nossas roupas estão limpas ou sujas, passadas ou amarrotadas, ou o cabelo desarrumado ou arrumadinho? Eles olham nossa alma. Aquele olhar que olha profundamente, olho no olho, e quase atravessa.


O olhar do Preto Velho, que a gente não precisa abrir a boca, pra eles saberem o que se passa do lado de dentro. O olhar do Exu, que a gente pode até mentir pra gente, mas pra Exu? Nunca!


Jamais quero me comparar a um guia ou entidade. Falo, apenas, sob perspectiva de olhares. O guia vê o caminho de um médium. Daquele que procura ajuda. De onde ele veio? Qual a sua história? Dali pra frente, como vai ser? Depois de um abraço de um vovô, por mais triste que tenha sido a estrada, todos os futuros caminhos serão floridos.


Depois de um processo terapêutico, em que o paciente pode olhar pra dentro de si mesmo, ele pode até encontrar uma estrada triste, sombria. Caminhos pelos quais ele não se orgulha e tenha até um certo pesar. Mas, é através da fé. Sobretudo nele mesmo, no seu caminhar interno, em direção a um lugar que a gente também não sabe qual e como vai ser, tenho certeza de que as estradas poderão ser sempre mais floridas.


Quando a gente olha com amor pro outro, a gente pode também olhar com amor para si mesmo. E é este amor que floresce as margaridas, girassóis da nossa estrada.


Médium : Luana Zanelli (Psicóloga)

 
 
 

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