Reiki
- Casa de Caridade Gauisa

- 25 de fev. de 2021
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A palavra Reiki é de origem japonesa e é composta por dois kanjis (ideogramas ou caracteres japoneses). No século IV d.c., esses ideogramas foram introduzidos no Japão através da China e da Coreia. “Rei” significa “universal”; “ki”, energia. Ou simplesmente podemos agregá-los, como era feito na época de Mikao Usui (decodificador do Reiki e criador da Usui Reiki Ryoho Gakkai) e dizer “Energia Espiritual” ou “Energia da Alma”.
Quando somos convocados a explicar o que é o Reiki, nosso primeiro movimento é respirar e pensar bem em uma resposta que contemple tudo o que ele representa de uma só vez. Só que o Reiki não necessita de explicação. Até pode ser explicado, mas ele é, acima de tudo, vivência. É claro que podemos verbalizar o que o Reiki representa, mas realmente o que o desvela é usufruir o que ele simboliza. E é justamente por isso que o lado racional deve ser um pouco escanteado. Para que o processo de terapia seja alcançado, nós devemos vivê-lo com a intenção de cuidar do outro e de nós mesmos e colocar o nosso coração em cada uma dessas intervenções. Os terapeutas são “canudos” de uma energia universal que é convocada e direcionada para as prioridades de um paciente. O reikiano é um instrumento de uma cura patrocinada pelo universo. Quando ele se conecta com esse meio de cura, na posição de “canudo universal”, ele também se limpa de alguma maneira. O terapeuta também deve atentar que, na condição de “canudo”, ele deve trabalhar sua limpeza em sua jornada diária. Quanto mais limpo o “canudo”, mais inteira a energia que deve ser direcionada ao beneficiado.
Há quem prefira dizer que o Reiki é somente uma técnica de cura que se baseia na imposição de mãos sobre partes combalidas do paciente. Em seu livro “Isto é Reiki”, Frank Arjava Petter, discípulo de Mestre Usui, coloca que “Reiki é a energia espiritual que reside em cada ser humano e que nos acompanha no caminho para a simplicidade e para o esplendor de nossa natureza verdadeira”. Usui acrescentava que “todos os seres inflados pelo sopro da vida podem praticar o Reiki”. Ou seja, nós já nascemos dotados de uma capacidade de intervir em um processo de cura do outro.
E para que precisamos de mestres nesse procedimento se já temos tudo o que é preciso? Nos falta o entendimento da responsabilidade que é fazer parte da cura. Os mestres são aqueles indivíduos que nos dão a mão na caminhada pelas compreensões. Apesar de saberem como chegar ao destino, eles se colocam na posição de incentivar a criação de ferramentas pessoais e concentração para a chegada do aprendiz ao ponto final da reta. Eles chegam em sinergia conosco. Os instrutores são responsáveis pelo despertar de seus alunos.
Falando ainda sobre o Reiki ser parte de nós desde o momento em que nos reencontramos com a vida, eu me lembrei de três casos que ilustram bem essa questão. Bernardo é o filho do meu primeiro mestre. Quando ele tinha uns cinco ou seis anos, sem ter conhecimento do envolvimento de seu pai no terreno das terapias holísticas, o menino tinha hábito de, ao observar pessoas tristes ou adoentadas, pedir para colocar as mãos em uma região indicada ou em uma parte aleatória do corpo de amigos, família e conhecidos. Antes de qualquer coisa, ele trabalhava sua própria respiração, esfregava as palmas das mãos, mantinha-nas em contato com o corpo alheio pelo tempo que julgasse necessário e ainda podia ver a necessidade de dar um sopro para finalizar. Ninguém jamais ensinou aquilo para ele. Era parte adormecida dele mesmo. Isso é Reiki.
Sarah, neta de minha terceira e última mestra, mal andava quando começou a ouvir a avó se queixar de potentes dores de cabeça. Era comum vê-la colocar uma mão sobre a testa e outra sobre a nuca. Não houve uma só ocasião em que a dor de cabeça resistisse ao toque de amor e desprendimento da criança. Isso é Reiki.
Wilma foi enfermeira por muitos anos, exercendo seu ofício nos hospitais públicos e particulares da vida. Cética quanto ao que não pode ser racionalizado, ela não sabia o que era o Reiki antes de ser despertada recentemente. Em uma ocasião, ela observou uma pessoa de sua convivência cair em uma agonia profunda por causa de uma dor de estômago. Antes que pudesse processar o que estava fazendo, ela esfregou as mãos e as depositou na região incomodada. Permaneceu tempo suficiente imersa na tarefa para gerar o alívio de seu companheiro e saiu impressionada com os seus gestos. Isso é Reiki.
Em nossos primeiros anos de vida, nas tentativas entre engatinhar, andar e correr, nós sofremos possivelmente alguns pequenos acidentes, umas pancadas, com possíveis escoriações nos joelhos, nos pés e em lugares inimagináveis. A sequência dessas lembranças pode ser muito bem a corrida de um pai, uma mãe ou um outro responsável para medir o ferimento e apaziguar a dor com o toque de uma mão. Isso é Reiki.
Por meio do contato das palmas e das pontas dos dedos, a energia se projeta e se converte em gestos de cuidado, amor e cura. Quando eu evoco as vivências no processo reikiano, eu também chamo o compromisso de aplicar cada mais o Reiki. É uma dádiva que não deve ficar guardada em uma gaveta qualquer do esquecimento ou da preguiça. Quanto mais você amanhece o Reiki, mais ele fica aceso e capaz de ser bálsamo para o outro.
O processo de aprendizado com as leituras de mestres como Mikao Usui, Frank Arjava Petter e William Lee Rand deve ser algo comum. Além disso, a troca de experiências com seu mestre e com companheiros reikianos também é muito produtiva. Cada uma dessas atividades leva a um novo despertar. Ainda que recebamos a divisa de mestres, nunca podemos nos esquecer do eterno aluno que há de respirar atentamente, de esfregar as mãos e de levá-la ao auxílio do próximo.
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