Suicídio - Uma dor que não tem fim
- Médium Alessandra Vanzillotta

- 18 de nov. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 2 de dez. de 2021
O fato é que, ainda que seja cometido desde a Antiguidade, nunca se praticou tanto o suicídio como nos dias atuais, sendo já considerado um problema de saúde pública. A Organização Mundial de Saúde revela que o suicídio vem crescendo significativamente em todos os países, abrangendo todas as faixas etárias e vários contextos socioeconômicos.
Dados estatísticos apontam que cerca de 90% dos casos e 40% das tentativas de suicídio estão associados a transtornos mentais, principalmente depressão e abuso de substâncias psicoativas. Dentre os transtornos, a depressão e a ansiedade surgem como grandes causas que levam ao completo estado de desesperança e à fatídica ideia que se matar é a única solução para pôr fim aos problemas e às dores da alma.
Morreu, acabou a dor. Simples assim! Para a doutrina espírita, não. Ao contrário, a dor outrora sentida tende a aumentar ainda mais. Mas como?
O estudo do autoextermínio pela doutrina espírita nos revela que o primeiro grande choque se dá quando o suicida percebe-se vivo, ou seja, quando descobre que a morte não existe, existindo apenas a morte orgânica do corpo que revestia o espírito. Ele se dá conta de que está mais vivo do que nunca, sentindo os mesmos sofrimentos, agora ainda agravados pelas consequências de seu ato. Assim, o desapontamento e o desespero de achar-se “ainda vivo” são imensos.
O Espiritismo ainda nos alerta para o risco de podermos ser suicidas inconscientes ou indiretos. Isso acontece quando realizamos ações que agridem ou enfraquecem as funções vitais do nosso corpo físico, antecipando precocemente o nosso desencarne. Como exemplos dessas más ações temos o tabagismo, o alcoolismo, o vício em drogas, a alimentação desregrada, tudo aquilo que contribui para a nossa degradação psíquica e física.
O filme Nosso Lar, baseado no livro homônimo de autoria do espírito André Luiz e psicografado pelo médium Chico Xavier, retrata bem essa condição de suicida inconsciente. Resumidamente, o filme narra a encarnação do médico André Luiz que, envolvido em uma vida boêmia, de vaidade e orgulho extremos, desencarna em consequência dos excessos cometidos. No plano espiritual ele se vê no umbral, sendo acusado por outras almas atormentadas de suicida. Indignado com tal condição, ele passa por inúmeros sofrimentos ao longo de muitos anos até se arrepender e ser levado por uma equipe de resgate para a colônia espiritual Nosso Lar.
André Luiz, como descreve o livro, faz um alerta sobre a importância do amor e da caridade, os quais, segundo ele, são verdadeiros antídotos contra o sofrimento pós-desencarne:
“Oh amigos da Terra! Quantos de vois podereis evitar o caminho da amargura com o preparo dos campos interiores do coração? Acendei vossas luzes antes de atravessar a grande sombra. Buscai a verdade, antes que a verdade vos surpreenda. Suai agora para não chorardes depois. “
As diversas consequências do suicídio são expostas por Allan Kardec na obra “Livro dos Espíritos”:
“Muito diversas são as consequências do suicídio. Não há penas determinadas e, em todos os casos, correspondem sempre às causas que o produziram. Há, porém, uma consequência a que o suicida não pode escapar, é o desapontamento. Mas, a sorte não é a mesma para todos, depende das circunstâncias. Alguns expiam a falta imediatamente, outros em nova existência, que será pior do que aquela cujo curso interromperam.”
Acreditamos que nós, espíritas, por sabermos previamente os desdobramentos desse ato, devemos ter ainda maior o dever de evitar e desestimular, em nós mesmos, e nos outros, a prática de qualquer tipo de suicídio. Assim como sabemos que os espíritos desencarnados recebem auxílio no plano superior, especialmente se estiverem dispostos a isso, nós encarnados também podemos e devemos procurar e prestar auxílio.
Muitas vezes basta uma palavra, uma “escuta atenciosa”, para percebermos que o outro está frágil, necessitando de um acolhimento sem julgamentos ou retaliações. Daí a importância e a necessidade dos centros de apoio, como o CVV (Centro de Valorização da Vida), que gratuitamente, ouve, conversa e orienta todos que buscam por ajuda frente ao sofrimento. Normalmente, uma terapêutica assistencial, aliada aos tratamentos psiquiátricos e psicológicos, tende a encorajar e a nutrir de esperança aquele que está em processo depressivo.
Não menos importante, temos as casas religiosas, espíritas ou não, que abrem suas portas para o atendimento fraterno. Casas como a Casa de Caridade Gauisa, que tem o compromisso de oferecer um serviço ambulatorial gratuito àqueles que necessitam de um tratamento e um conforto espiritual. Já é sabido que à medida que cuidamos da dor do outro nos curamos das nossas mazelas e passamos a enxergar a vida com mais compreensão e resiliência. Ambos, cuidadores e assistidos, se fortalecem na ajuda mútua e divina perante a ciranda da vida.
A caridade representa o amor em ação. O amor que não julga, não condena, não discrimina mas que ACOLHE e é capaz de acender novamente a luz da vida naquele que só consegue enxergar escuridão.
Texto: Alessandra Vanzillotta Médium da Casa de Caridade Gauisa
*Texto com adaptações do livro Viver é a melhor opção, de André Trigueiro.
.png)
Comentários